Briefings não bastam: o poder de fazer boas perguntas

“Precisamos melhorar a sinalização do estacionamento.”

Imagine receber uma demanda assim — direta, objetiva, aparentemente clara. Muitas vezes, a tendência seria ir direta para a execução: discutir o tipo de placa, pensar no layout, talvez até chamar alguém da sinalização para um orçamento.

Mas será que estaremos mesmo resolvendo o problema certo?

Esse tipo de solicitação serve como um ótimo exemplo de como muitas demandas já chegam com uma solução embutida — e, com isso, deixamos de fazer algo essencial: entender a real necessidade do usuário por trás do pedido .

Se questionarmos um pouco mais essa demanda, talvez descobríssemos que o problema não está (apenas) na sinalização. Pode ser que o estacionamento seja grande demais e as pessoas simplesmente esqueçam onde deixaram o carro. Talvez o incômodo seja a demora para encontrar o veículo na saída. Talvez nem seja uma sinalização, mas sim a falta de referências visuais ou de apoio de funcionários.

Nesse caso, a sinalização é apenas um sintoma — não a causa raiz .

Essa reflexão tem sido o ponto de partida de uma jornada que venho conduzindo com algumas vezes. Não se trata de ensinar métodos mirabolantes de pesquisa, mas sim de resgatar algo mais essencial: o valor de fazer boas perguntas .

🧠 Por que questionar é tão importante?

Em um cenário cada vez mais acelerado, onde os tempos convivem com prazos apertados, metas ousadas e decisões rápidas, questionar pode parecer contraproducente. Pode até voar como um “desvio de foco”.

Mas a verdade é que boas perguntas são fundamentais para garantir que estejamos investindo energia nas coisas certas .

Ao questionar uma demanda, não estamos desacreditando quem a trouxe. Estamos tentando entender melhor o problema, o contexto e, principalmente, evitar soluções rasas para dores complexas. É nesse espaço que mora a diferença entre uma entrega média e uma entrega realmente significativa.

🔍 Como podemos questionar melhor as demandas?

Existem perguntas simples que podem mudar completamente o boato de uma iniciativa.
Perguntas que, quando feitas no momento certo, evitam retrabalho, desalinhamento e decisões precipitadas.

Algumas delas são:

• O que realmente estamos tentando resolver aqui?
• Para quem essa solução faz sentido?
• Qual é a dor por trás desse pedido?
• Como sabemos que esse é o problema certo?
• O que já sabemos sobre isso?
• O que ainda precisamos descobrir?
• Qual impacto esperamos gerar com essa solução?
• Qual é o contexto completo dessa demanda?

Essas perguntas ajudam a abrir o olhar, sair do automático e trazer mais claro para o tempo. Elas não precisam ser feitas todas as vezes — mas precisam estar presentes em algum momento da jornada.

🛠 Técnicas que ajudam a provocar boas perguntas

Se você sente dificuldade em abrir essa conversa com o tempo, aqui estão algumas ferramentas que você pode usar:

• Técnica dos 5 Porquês: a cada resposta, pergunte “por quê?” novamente até chegar à raiz do problema.
• O que já sabemos vs. O que precisamos descobrir: excelente para separar achismos de hipóteses reais.
• Perguntas invertidas: ao invés de perguntar “como podemos melhorar a sinalização?” , pergunte “por que a sinalização atual não está funcionando?” ou “o que faz as pessoas se perderem no estacionamento?”

São abordagens simples, mas que trazem profundidade para o diálogo e ajudam a construir pesquisas mais bem direcionadas — e, consequentemente, soluções mais relevantes .

✨ O que muda quando começamos pelas perguntas

Quando temos um briefing mais investigativo e uma pergunta bem elaborada, todo o processo de descoberta ganha força:

• A escolha dos métodos de pesquisa fica mais clara.
• Os dados coletados têm mais foco e relevância.
• A análise se torna mais direcionada.
• E, o mais importante: as entregas respondem a uma necessidade real — e não apenas a uma sugestão solta no ar.

💬 Para reflexão

Na próxima vez que alguém trouxer uma demanda pronta, experimente dar um passo atrás. Pergunte mais. Explore melhor. Vá além do pedido.

Você vai perceber que as melhores respostas só aparecem quando fazemos as perguntas certas.